quarta-feira, 30 de março de 2011

"Um domingo de verão na ilha da Grande Jatte, Georges Seurat"

Pontilhismo

Uma arte feita com pontos, a partir do século XIX.

domingo, 27 de março de 2011

EVOLUÇÃO E SUSTENT... (o que mesmo, hein?)

EVOLUÇÃO E SUSTENT...(o que mesmo, hein?)

José Marcos Barreiros Alves


Um tema interessante, que permeia a mídia, é a tal da sustentabilidade. Mas, o que realmente significa ser sustentável? O que cada indivíduo, cada comunidade, pode fazer para uma relação de sustentabilidade no planeta?

É interessante tecer analogias para simplificar o entendimento do assunto. Por exemplo, utilizando referências bíblicas, identifica-se o paleolítico com o período em que o casal primordial vivia dependente da natureza no Jardim do Éden. O neolítico é identificado a partir do momento que o casal deixa o Paraíso e começa a construir a civilização. “Do suor do teu rosto trarás o sustento de tua família!”(Gen.3.19). Esta foi a ordem divina. A partir deste momento o homem começou a interferir na natureza.

Didaticamente, em sala de aula, passamos a construir uma linha do tempo com duas referências básicas para o povo ocidental. A primeira, a invenção da escrita, que separa um tempo ainda indefinido, conhecido como Pré-História e o tempo que passou a ser identificado como História. Esta última com a segunda referência importante: o nascimento de Jesus Cristo.

A Pré-história possui dois grandes períodos que, por sua vez, abarcam outras subdivisões que não serão mencionados aqui. Nossas principais referências como tempo pré-histórico são: o Período Paleolítico e o Período Neolítico.

O Paleolítico (paleo, significa antigo; lithos (lito) significa pedra) nos remete , a um tempo mensurável em milhões de anos, conhecido como“Idade da Pedra Lascada”, ou “Antiga Idade da Pedra”, do qual não há registro escrito produzido na época. Não havia escrita, ou pelo menos, até agora não há comprovação científica de sua existência. Os indícios materiais estudados por pesquisadores e cientistas apontam elementos que permitem reconstruir parte das referências de vida do homem daquele período.

A humanidade paleolítica era extremamente dependente da natureza, como no Jardim do Éden. O homem do Paleolítico utilizava-se da natureza como explorador dos recursos por ela oferecidos: água, caça, pesca e frutos diversos. Lembremos que o homem desse período ainda não produzia instrumentos ou equipamentos em larga escala. Ainda “engatinhava” no processo de desenvolvimento de tecnologias. Sua principal característica era o nomadismo – recurso utilizado para vencer a falta de recursos depois de longo tempo de exploração; ou, como saída para sobreviver às variações climáticas. Afinal, o planeta se transforma não é de hoje! Grandes enchentes, grandes incêndios, vulcões, grandes ondas já existiam naquele tempo. O homem aprendia a observar a natureza e conhecer suas “manhas” e seu temperamento.

Caçadores, pescadores, coletores, viviam em constante movimento pelos continentes. Isso fez com que a humanidade se espalhasse pelo planeta.

Com o domínio do fogo, o homem tem um elemento essencial para começar a mudar de vida. Dominar o fogo não era ainda saber produzir a chama. Era, no início, retirá-lo “in natura” e utilizá-lo enquanto durasse sua chama. Aqui, abro parênteses para uma referência hilária. Imagine uma comunidade de caçadores, que necessite manter o fogo aceso por muito tempo, para o conforto nas noites frias, ou invernos violentos e preparar alimentos. A grande responsabilidade pela tarefa de manter e alimentar constantemente essa fogueira era da mulher. Agora imagine, que um dia ao voltar da caçada os homens encontrassem o sagrado elemento apagado pondo em risco a vida da comunidade. Então, é fácil imaginar também que aí começou a exploração do trabalho feminino e provavelmente a primeira grande surra que a mulher levou em toda a história da humanidade.

A soma de vários fatores conduziu a humanidade a um novo tempo, passagem que ocorria lentamente. Os grupos iam aumentado de tamanho, ficava cada vez mais difícil conduzir um enorme número de pessoas, entre velhos e crianças, além de animais e objetos de uso individual e coletivo. Os grupos foram se assentando em regiões, preferencialmente próximo a reservas de água. O fogo passa a ser produzido. A humanidade aperfeiçoa a fabricação de objetos, da fabricação de pequenos objetos artesanais portáteis à tecnologia da cerâmica, e também dos metais. O homem sai do estado passivo de dependente da natureza para um estado de agente, que passa a interferir cada vez mais no ambiente. De caçador, coletor e nômade o homem passa agora a formar coletividades fixas.

O Neolítico (Neo significa novo; lithos (lito) é pedra), significa Nova Idade da Pedra ou Idade da Pedra Polida. Depois de uma transição lenta o homem, ao se fixar à terra, desenvolve-se com maior rapidez. Agora, com a agricultura, o homem passa a produzir alimento, a domesticar animais, a explorar outros recursos. Como o deslocamento de grandes grupos passou a se tornar mais raro, a humanidade sentia necessidade de acumular posses que pudessem suprir carências futuras. Criação de animais, reservas de colheitas, produção de artefatos utilitários no cotidiano, de armas mais sofisticadas, de aparelhos para trabalho com a terra. A ciência de certa forma já se desenvolvia. Astronomia e astrologia usadas como suportes para a agricultura e melhor conhecimento da natureza.

O Neolítico foi um período prodigioso para a humanidade. Mas, reconheçamos, a relação com a natureza inicia uma nova fase. Se no período anterior, o paleolítico, a natureza recuperava-se quando o homem, nômade, retirava-se para outras áreas, no período neolítico com o assentamento do homem o processo de exploração dos recursos naturais passa a ser praticado com mais agressividade. A agricultura e os animais domesticados consomem água; o fogo precisa de madeira para alimentá-lo; fabricação de artefatos, seja de cerâmica, pedra ou metais exige extração de matéria prima. Os grupos vão crescendo e construindo mais. Com isso o ambiente vai sofrendo alteração.


As civilizações foram marcando sua passagem na história. Chegamos ao século XXI com uma polêmica herança construída, e construindo-se ao longo de milhares de anos: uma tecnologia que parece não ter mais limites e uma natureza acuada que pede socorro.


O homem atual poderia ser classificado como Homo sapiens tecnologicus, pois é impossível imaginar a humanidade viver sem os aparatos científicos e tecnológicos. Parece ter havido uma inversão: enquanto o homem paleolítico dependia da natureza, o homem atual depende em alto grau da tecnologia. Neste último caso embora seja provedora de matéria-prima para o desenvolvimento, a natureza é relegada a segundo plano, esquecida. Entre os muitos termos em voga, um deles tem ocupado páginas de imprensa, agendas de lideranças mundiais. A sustentabilidade tem alimentado debate também nas escolas e em comunidades que já começam a mudar conceitos. Água, florestas, energia, meio ambiente, aquecimento global, agricultura orgânica vêm exigindo cada vez atenção da humanidade.Sustentabilidade resulta de uma estreita relação “entre as atividades humanas e a preservação do meio ambiente” (http://www.atrasdamoita.com/sustentabilidade-ambiental-sustentável-necessidade.html).


A escassez de água no planeta, a produção insuficiente de alimentos, a sempre crescente produção de lixo são fatores de risco para a segurança e a saúde da humanidade. O homem atual vai precisar aprender o verdadeiro significado de ser racional. Economia e gestão de recursos naturais serão, pelas próximas décadas, termos cada vez mais significativos. O homem consome muita água, produz muito lixo. É bem provável, se as medidas necessárias não forem implementadas, que em pouco tempo tenhamos um novo ramo na espécie: o homem escatológico. Detritos não faltarão para satisfazê-lo.


Então, do paraíso paleolítico, passando pelo neolítico, do aprender a dominar e a explorar a natureza ( exploração que se estende até hoje), a evolução indica que o retorno àquele paraíso parece impossível. A única saída será o inferno com os últimos suspiros do planeta. E virão, terremotos, maremotos, montanhas descendo, oceanos subindo e a humanidade procurando lugar para voltar a praticar longas caminhadas, conhecidas no passado como nomadismo.


Você vai ficar aí sentado, com a boca escancarada, cheia de dentes e esperando a morte chegar?